HEPATITE A

Hepatite A é uma infecção causada pelo vírus A (HAV) da hepatite, também conhecida como “hepatite infecciosa”. Na maioria dos casos, ela é uma infecção de caráter benigno, contudo o curso sintomático e a letalidade aumentam com a idade.

Transmissão

O vírus da hepatite A tem como principal forma de transmissão o contato oral-fecal. A transmissão está ligada a condições inadequadas de saneamento básico, higiene pessoal e pelo consumo de água e alimentos contaminados. As transmissões por via percutânea (perfuração da pele de forma acidental) ou parental (por meio de transfusão ou contato com sangue) do vírus A são muito raras. Pode ocorrer por contato pessoal próximo, como entre pessoas que vivem na mesma residência, em instituições de longa permanência e crianças em creches. Além disso, há também relatos de casos e surtos que ocorrem em populações com práticas sexuais anal e oroanal ou outras formas de exposição a resíduos fecais que podem aumentar o risco de transmissão como por exemplo, acessórios sexuais. Geralmente, a infecção tem curso previsível e limitado em crianças, sendo mais grave em adultos. Contudo, podem ocorrer formas fulminantes da doença, capazes de causar morte ou desencadear doença autoimune grave.

A estabilidade do vírus da Hepatite A (HAV) no meio ambiente e a grande quantidade de vírus presente nas fezes dos indivíduos infectados contribuem para a transmissão. Crianças podem manter a eliminação viral até 5 meses após a resolução clínica da doença. No Brasil e no mundo, há também relatos de casos e surtos que ocorrem em populações com prática sexual anal, que propicie o contato fecal-oral (sexo oral-anal) principalmente.

Sinais e Sintomas

Geralmente, quando presentes, os sintomas são inespecíficos, podendo se manifestar inicialmente como: fadiga, mal-estar, febre, dores musculares. Esses sintomas iniciais podem ser seguidos de sintomas gastrointestinais como: enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia.  A presença de urina escura ocorre antes do início da fase onde a pessoa pode ficar com a pele e os olhos amarelados (icterícia). Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses.

A idade na qual se dá o contato com o vírus é crucial a atenção na evolução clínica: em crianças menores de 6 anos, tende a ser pouco sintomático, enquanto a infecção em indivíduos acima de 50 anos pode evoluir de forma mais grave e sintomática.

Sintomas de febre

Diagnóstico

O diagnóstico da infecção atual ou recente é realizado por exame de sangue, no qual se pesquisa a presença de anticorpos anti-HAV IgM  que pode ser detectada antes ou no momento da manifestação dos sintomas clínicos e podem permanecer detectáveis por cerca de seis meses. 

É possível também fazer a pesquisa do anticorpo IgG para verificar infecção passada ou então resposta vacinal de imunidade. De qualquer modo, após a infecção e evolução para a cura, os anticorpos produzidos impedem nova infecção, produzindo uma imunidade duradoura.

Tratamento

Não há nenhum tratamento específico para hepatite A. O mais importante é evitar a automedicação para alívio dos sintomas, uma vez que, o uso de medicamentos desnecessários ou que são tóxicos ao fígado podem piorar o quadro.

O médico ou o enfermeiro saberá prescrever o medicamento mais adequado para melhorar o conforto e garantir o balanço nutricional adequado, incluindo a reposição de fluidos perdidos pelos vômitos e diarreia. A hospitalização está indicada apenas nos casos de insuficiência hepática aguda (OMS, 2023).

Prevenção

  • Lavar bem as mãos após o uso do sanitário, troca de fraldas e antes do preparo de alimentos;
  • Lavar frutas, verduras e legumes em água corrente. Os alimentos que serão consumidos crus devem ser colocados em uma solução clorada com 1 litro de água, adicionando 10 ml (1 colher de sopa rasa) de água sanitária a 2,5% por 15 minutos. A água sanitária não deve ter perfume e deve vir com recomendações para uso em alimentos;
  • Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
  • Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
  • Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar, peixes e carne suína;
  • Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
  • No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.
  • Usar instalações sanitárias;
  • Usar preservativos internos e externos;
  • realizar a higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.

Vacina

A vacina contra a hepatite A é altamente eficaz e segura, sendo a principal medida de prevenção contra a infecção.

A gestação e a lactação não representam contraindicações para a imunização. Atualmente, faz parte do calendário infantil, no esquema de 1 dose aos 15 meses de idade (podendo ser utilizada a partir dos 12 meses até 5 anos incompletos – 4 anos, 11 meses e 29 dias).

É importante que os pais e/ou responsáveis, cuidadores e profissionais de saúde estejam atentos para garantir a vacinação de todas as crianças. 

Além disso, a vacina está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), centros Intermediários de Imunobiológicos Especiais (CIIE) e em salas de vacina do SUS habilitadas (Portaria GM/MS nº 6.623/2025), no esquema de 2 doses – com intervalo mínimo de 6 meses – para pessoas acima de 1 ano de idade com as seguintes condições:

  • Hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, inclusive infecção crônica pelo HBV e/ou pelo HCV (hepatite C);
  • Portadores crônicos do HBV (hepatite B);
  • Coagulopatias;
  • Pessoas vivendo com HIV ou Aids;
  • Pessoas em uso da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP);
  • Imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora;
  • Doenças de depósito;
  • Fibrose cística (mucoviscidose);
  • Trissomias;
  • Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes;
  • Transplantados de órgão sólido (TOS);
  • Transplante de células-tronco hematopoiéticas (THCT);
  • Doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (TCTH), cadastrados em programas de transplantes;
  • Hemoglobinopatias;
  • Asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionadas.

Fonte: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hepatites-virais/hepatite-a

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